Para comemorar o nosso 1º aniversário, lançámos há duas semanas um desafio: escrever uma história!
Entre as propostas que nos foram enviadas, destacamos a do Comandante Estácio dos Reis, a quem foi atribuído o nosso Cabaz das Letras:
Há anos fiz uma conferência numa Universidade do Brasil organizada por um professor americano que falava português.
Acabado o simpósio, o professor Smith (não é o seu nome) pediu-nos para lhe enviar os textos das conferências. Assim o fiz. Em resposta, Smith, que não gostava dos “e” copulativos em princípio de frase, foi-se a eles e… rapou-os.
Eu não sabia que escrevia tão mau português que até era emendado por um estrangeiro. Fiquei triste, mas, ao mesmo tempo, danado. Pensei responder-lhe à letra, mas as tentativas que fiz eram de tal ordem que o Smith talvez se zangasse, acabando por não me incluir nas actas do simpósio. Era um desgosto para mim. Vasculhei o Google à procura duma ideia, duma pista. Nada me apareceu de jeito.
Até que me lembrei dum velho instrumento de busca: a tão esquecida Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. E que encontro eu? O Padre António Vieira e o Camilo, logo estes dois grandes nomes, a cometerem o mesmo “erro”. Eureka! Escrevi ao Smith dizendo que estavam a ser feitas reedições daqueles autores e pedia-lhe que me ajudasse a convencer os editores a rapar, nas obras que fossem saindo, os “e” copulativos em princípio de frase. E tudo acabou em bem.