Descrição
Este cosido à linha, colado a quente é uma colectânea de contos – umas vezes poesia, outras prosa, aforismos e frases soltas – chegaram à luz do papel e da esferográfica, andando da esquerda para a direita, de cima para baixo, às voltas, sem saber se tomavam por real ou por imaginária a forma que assumiam.
O seguinte excerto, dado pelo Autor, ainda nos elucida melhor o género de livro que temos em mãos:
Se algum dia tivermos tempo, iremos reparar no modo como a visão (ou o ouvido) nos devolve o sentido (ou noção) da coisa. Primeiro, os olhos rodam de modo rápido sobre o conjunto, de um lado para o outro, de cima para baixo, tentando a forma geral da dita coisa. Por exemplo, de uma árvore. Fixam pontos vários, aparentemente aleatórios, situam os contornos, as cores, a dimensão, a perspectiva da copa face ao tronco que mergulha na sua sombra. Fixam outras árvores que, de perto, a conduzem. Só depois os pormenores são localizados. Algum ramo mais espevitado, as flores claras ou os frutos guloso, um gato meio escondido num dos ramos, à coca de um ninho para nós invisível. Este processo coincide com a própria consciência da coisa. Por exemplo, a consciência de uma árvore.
Este é o primeiro livro de uma colecção que dará a conhecer novas experiências literárias de autores portugueses.